terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Chico Xavier - Ensaio - Parnaso do Além-Túmulo


Minha próxima leitura se concentra no livro “Parnaso de Além-Túmulo”, primeira obra psicografada por Chico Xavier quando tinha poucos anos e que está em sua 16ª edição comemorativa de 70 anos de sua primeira edição pela Federação Espírita Brasileira, trata-se de um livro de poemas, porém não é um livro normal de poesia, porque foi ditado por 56 espíritos poéticos de vários tempos e estilos diferenciados. O livro traça um panorama da poesia brasileira e portuguesa, trazendo psicografias de espíritos de poetas renomados em ambos os meios literários, entre os quais podemos destacar: Casimiro de Abreu, Castro Alves, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos e Antero de Quental, entre tantos outros.

O livro nos deixa muitas perguntas. Como um homem só, conseguiu escrever com 56 estilos diferentes? Como um homem sem estudo, consegue ser tão erudito em um único livro? A resposta é simples, temos que acreditar no dom da conversa com os espíritos, não há outro jeito.

Dentre as poesias destaco as atribuídas a Casimiro de Abreu, entre as quais: A minha terra que se destaca pelo estilo e pela poética de seus versos:

“Que terno sonho dourado
Das minhas horas fagueiras
No recanto das palmeiras
Do meu querido Brasil!
A vida era um dia lindo
Num vergel cheio de flores,
Cheio de aroma e esplendores
Sob um céu primaveril.

...

Se a morte aniquila o corpo
Não aniquila a lembrança
Jamais se extingue a esperança,
Nunca se extingue o sonhar!
E à minha terra querida,
Recortada de palmeiras,
Espero em horas fagueiras
Um dia pode voltar.”

Este livro é um passeio pela poesia, nos traz muita satisfação ao lê-lo, temos contato com um grande painel de literatura, passeando por diversas épocas e estilos. A que se destacam mais alguns versos perfeitos, desta feita atribuídos ao poeta Castro Alves e intitulado A morte:

“ No extremo pólo da vida
Diz a Morte: - “Humanidade,
Sou a espada da Verdade
E a Têmis do mundo sou;
Sou balança do destino,
O fiel desconhecido,
Lanço Cômodo no olvido
E aureolo a fronte de Hugo!

(...)”

Destaco as palavras muito pouco usadas hoje em dia: olvido e aureolo, que significam, respectivamente, esquecido e coroar.

Ao procurar a palavra “olvido” em meu dicionário deparei-me com uma folha solta, colocada há muitos anos neste dicionário, que por incrível que pareça apresenta três textos psicografados por Chico Xavier, fiquei arrepiado quando os encontrei. Que coincidência. A vida tem coisas que a própria vida não explica. Os textos são atribuídos ao espírito de Emmanuel dos quais destaco dois abaixo:

Ninguém Morre
(Emmanuel)

Não reclames da Terra
Os seres que partiram...
Olha planta que volta
Na semente a morrer.
Chora, de vez que o pranto
Purifica a visão.
No entanto, continua
Agindo para o bem.
Lágrima sem revolta
É orvalho de esperança.
A morte é a própria vida
Numa nova edição.


Ante o Além
(Emmanuel)

A vida não termina
Onde a morte aparece
Não transforme saudade
Em fel nos que se foram.
Eles seguem contigo,
Conquanto de outra forma.
Dá-lhes amor e paz
Por muito que padeças
Eles também te esperam
Procurando amparar-te
Todos estamos juntos
Na presença de Deus.

Vejam a profunda ligação destes textos com a vida após a morte, com o próprio espiritismo e a desencarnação de Chico Xavier recentemente, que muitos ainda não se conformaram.

Não deixe a vida passar, sem ter contato com o Parnaso de Além-Túmulo, vale a pena ser curioso cético e desconfiado. Deixe o livro tocar seu coração, a vida não tem explicação e muito menos o que existe além da própria vida.

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