segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Um Ensaio - Chico Xavier - Há 2000 Anos


Meu primeiro contato com o espiritismo e por sua vez com a obra de Alan Kardec e Chico Xavier se deu na adolescência através de meu avô paterno, um espírita convicto. Desde essa época eu fazia algumas leituras pontuais para meu avô, com muito pouco interesse, tenho que reconhecer. Apesar das discussões teológicas entre a doutrina espírita, como ela falava, e as práticas catolicistas. Essas discussões foram muito proveitosas na minha adolescência. O que me proporcionou crescer com os aspectos críticos em relação às religiões praticadas pelo Brasil e pelo mundo afora.

Agora já passados cerca de quinze anos, as dúvidas sobre as doutrinas voltam a atormentar-me, as coincidências em meu caminho cultural, fizeram com que retomasse os estudos parados ao longo de minha vida.

Início meu estudo em uma livraria de um shopping na cidade de São Paulo, quando tomo às mãos a obra “Há 2000 Anos...” psicografada por Francisco Cândido Xavier, simplesmente o Chico Xavier e atribuída ao espírito de Emmanuel, publicado originalmente em 1939 e que conta com 42 edições até esta. Começa a leitura sem muito interesse, mais para entender o que meu avô via e lia que chamava sua atenção percorro cerca de 150 páginas em dois dias de leitura, para porque o interesse se perde nos desvãos de outros interesses culturais mais prementes.

Estamos no dia 30 de junho de 2002, o Brasil para ver a final da copa do mundo da Coréia e Japão, na disputa entre Brasil e Alemanha, na qual o Brasil sagra-se Penta Campeão, à noite a notícia da morte de Chico Xavier, faz com que retomemos os estudos parados há alguns anos.

A corrida as bancas de jornal faz com que várias publicações que comentam a vida, a obra e o desaparecimento de Chico Xavier, venha a invadir minha vida diária, fazendo com que eu estabeleça estudos mais aprofundados sobre este brasileiro, que teve uma vida dedicada ao ser humano, a piedade e aos pobres na doutrina e na prática.

Lendo “Há 2000 Anos...” nos deparamos com a descrição pormenorizada da vida do Senador Públio Lentulus que dividiu sua passagem pela terra com a passagem de Jesus Cristo de Nazaré, quando este era crucificado apenas por pregar a paz e o respeito entre os povos. Esta descrição é tão detalhada que nos sentimos participantes daquela história. Os detalhes são tão impressionantes e alucinantes, principalmente quando nos deparamos com uma descrição do encaminhamento dos cristãos do tempo aos leões, num espetáculo de atrocidade cruel e sem paradigmas na história mundial, exceto em relação ao holocausto.

A filosofia de que aqui se paga o que se faz, faz com que o Senador, tenha como pena, a perda de sua mulher quando esta entrega sua vida aos leões, como castigo por ter sido encontrada com os demais cristãos no templo. O Senador paga pelas atrocidades, que este ignorava e que jamais questionou quando de sua participação como representante de Cesar na história.

Além disso, outro fato atormenta o Senador, o desaparecimento de seu filho sequestrado em tenra idade por um inimigo oculto, que vem vingar-se pela captura e desaparecimento de seu filho adolescente que foi condenado pela impassividade do Senador.

Já o filho do Senador jamais foi encontrado, somente no futuro, quando este inimigo oculto o coloca diante de seu filho, que não sabe que este é seu pai, e pratica algumas atrocidades contra o Senador e tem a sua vida retirada pelos soldados do império, que além de matarem seu filho, prendem o inimigo e o levam ao castigo.

O Senador sente necessidade incrível de conversar com este inimigo para saber o por que de tanto ódio e é ai, que este descobre que por sua impassividade o filho de seu inimigo foi sacrificado e que por sua vez, seu filho foi sequestrado e tornou-se seu carrasco por orientação do inimigo e agora este está morto pela brutalidade de império que o Senador representa. O paradoxo do ditado é relembrado, o Senador faz e paga por seus delitos.

No momento em que o livro chega ao fim, o Senador repensa, toma os ensinamentos do Messias para sua vida, fazendo que este reflita sobre os atos de Jesus Cristo de Nazaré, o homem que pregou o amor a todos e a igualdade entre os povos.

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